“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2, 14)

Assim anunciaram os anjos o nascimento do Menino Jesus, em Belém, há 2000 anos. O Natal não é um conto de crianças, é o acontecimento mais extraordinário da humanidade: Deus faz-se criança para nos salvar, assume a nossa frágil condição em tudo igual a nós excepto no pecado, entra na história dos homens para caminhar connosco e dar um sentido e luz diferentes à nossa vida. Por aquele Menino somos filhos de Deus, abrem-se-nos as portas do Céu, e somos convidados a uma vida santa.

Como os pastores, ponhamo-nos também nós a caminho do presépio. Com pressa. Nada de indiferença, porque o mundo continua envolto em trevas e muitos corações continuam a fechar-se ao Príncipe da Paz.

Ele veio trazer paz, mas o mundo está em guerra, uma guerra implacável contra o cristianismo e que se manifesta em tantas formas de violência: perseguição à família natural, ideologias perversas contrárias à antropologia cristã, atentados contra a vida por nascer, intolerância religiosa… Uma guerra terrível, sem fim à vista, arrasta-se há longos meses na Ucrânia e noutros lugares. Outra guerra, incompreensível, prepara-se para legalizar a eutanásia e o suicídio assistido em Portugal. E a humanidade, nesta correria louca pela autodeterminação individualista, pensando que travando estas batalhas é mais feliz, afinal de contas corre cegamente para o abismo, esquecendo-se que somos criaturas dependentes de Deus e, longe de Deus, falta-nos a Paz que só n´Ele podemos alcançar. Triste correria sem sentido que nos leva a andar errantes, sem estrelas que orientem o caminhar terreno.

Olhemos para a estrela de Belém, e na Igreja, unidos ao Papa Francisco, peregrinemos, apressadamente, em direção ao Presépio. Procuremos a Paz de Deus. Há tanto para fazer, mas vamos começar pelo nosso coração, pela nossa vida pessoal. Procuremos a paz verdadeira que é fruto da conversão pessoal, do encontro com Deus nos sacramentos, do encontro com Cristo nos doentes, da oração silenciosa e calma, junto ao presépio das nossas famílias. E, então, seremos neste mundo semeadores da paz de Deus.

Em nome da Direção dos Médicos Católicos Portugueses, juntamente com as minhas orações, desejo a todos um Santo Natal e um Ano Novo com muitas bênçãos do Deus Menino,

Pe. Miguel Cabral
Assistente Espiritual da AMCP 
 

Imagem: Presépio da Capela Sistina, da autoria de Giuseppe Passeri, Eva Antulov e Alfonso Pepe 
Créditos da fotografia: Vatican News 2019