Médicos católicos reafirmam a sua oposição à eutanásia

Os deputados portugueses votaram esta sexta-feira a não realização de um referendo sobre a eutanásia em Portugal.

 

A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) reitera a sua absoluta oposição a toda e qualquer forma de eutanásia e vem de novo pedir a intervenção do presidente da República, professor Marcelo Rebelo de Sousa, para que vete a lei que despenaliza a eutanásia em Portugal.

 

Enquanto associação profissional, a AMCP reafirma todos os argumentos já apresentados nas mais diversas ocasiões e que podem ser sintetizados da seguinte forma:  A eutanásia nunca foi nem será um ato médico, os princípios da medicina, assentes no diagnóstico e no tratamento de doenças, excluem a prática da eutanásia, da distanásia e do suicídio assistido. O médico, assim como não é dono da vida do doente, também não é dono da sua morte.

 

Os argumentos anti-eutanásia, desde sempre defendidos pela AMCP, mantém-se inalterados, sem adaptações ou condescendências, isto porque, enquanto grupo profissional, os médicos não cedem a ideologias políticas ou de outra ordem.

 

“De acordo com o nosso código deontológico e com o juramento que fizemos, os médicos têm como missão salvar vidas e nunca devem participar na eutanásia. A sua atuação clínica deve procurar minorar o sofrimento do doente, com competência técnica e humanidade. Colocar nas mãos do médico a tarefa de matar é inaceitável, já que destrói o vínculo de confiança que deve existir na relação entre médico e doente”, afirma o presidente da AMCP, o médico psiquiatra Pedro Afonso.

 

“Não deixa de ser curioso verificar que, neste período de pandemia, os mesmos políticos que nos têm retirado a liberdade com leis restritivas para salvar vidas humanas, venham agora evocar a liberdade individual para, através da eutanásia, eliminar vidas humanas. Isto é uma contradição. É preciso reconhecer a dignidade e o valor de cada ser humano, seja qual for a condição na qual se encontre, desde a concepção até à morte natural ”, acrescenta o presidente da AMCP.

 

Apesar de considerar que a vida humana não é objeto referendável, a AMCP entende que o referendo hoje rejeitado pelo Parlamento Português permitiria colmatar a lacuna grave de até ao momento pouco ou nenhum debate público ter sido feito sobre um tema tão importante. O referendo possibilitaria à população portuguesa conhecer de forma mais apropriada os perigos da legalização da eutanásia.

 

Neste mesmo mesmo sentido da defesa da vida humana, a AMCP apela aos poderes públicos que, ao invés de optarem pelo caminho do descarte da pessoa doente, atuem no sentido de uma intervenção adequada em termos médicos, humanos e sociais, que permita a correta terapêutica e acompanhamento ao doente em fase crítica e terminal da vida, por meio dos cuidados paliativos.

 

AMCP, Lisboa, 23 de outubro de 2020